quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Último soneto

Que rosas fugitivas foste ali:
Requeriam-te os tapetes – e vieste...
– Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste –
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço –
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa ? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...

Paris - dezembro 1915



Mário de Sá-Carneiro
Poemas Completos

-NO PALCO-

2 comentários:

Daniel Andrade disse...

Mário de sá juntanmente com Espanca foram dois poetas tristinhos, a triade é colocar o Augusto junto =]

Jimmy (Marcone Santos) disse...

É verdade!